Por mais de 30 anos, o caminhão iluminado da Coca-Cola foi um marco do Natal em todo o mundo. Em 2023, a marca decidiu dar um passo ousado e recriar seu clássico comercial usando inteligência artificial, abrindo um novo capítulo na publicidade. A abordagem inovadora dividiu opiniões entre profissionais da área, mas trouxe resultados impressionantes com o público.

Uma releitura tecnológica de um ícone natalino

O comercial original de 1995, com uma caravana brilhante cruzando cidades, marcou gerações. Ele é celebrado como uma das campanhas mais eficazes da publicidade global, atingindo avaliações máximas em impacto emocional. Dessa vez, o remake foi conduzido pelo laboratório de IA da Pereira O’Dell, a Silverside AI, que utilizou ferramentas como Stable Diffusion e DALL-E.

Em apenas três dias, o time criou o rascunho inicial do comercial, em um processo mais próximo de programação do que de filmagem tradicional. Mais surpreendente foi a capacidade de gerar 110 versões personalizadas, com cenários adaptados a diferentes cidades e até skylines específicos para mercados-chave.

A reação do mercado publicitário

A ousadia não passou despercebida. Muitos publicitários destacaram problemas técnicos, como movimentos artificiais e detalhes estranhos nos personagens. No entanto, testes com consumidores revelaram que a maioria do público nem percebeu que o comercial foi feito com IA.

Pesquisas conduzidas pela System1 no Reino Unido mostraram que a nova versão obteve uma pontuação de 5.9 em 6 estrelas, superando todas as campanhas anteriores. Além disso, 98% dos espectadores associaram o filme à Coca-Cola em apenas 15 segundos.

O impacto e o futuro da publicidade

O experimento da Coca-Cola destaca uma mudança de paradigma. Com a produção de comerciais acessível a qualquer orçamento, a diferenciação no futuro dependerá mais da estratégia criativa do que dos recursos técnicos. “A IA não é o fim, mas uma nova ferramenta”, afirma PJ Pereira, cofundador da Silverside AI.

Com essa abordagem, a Coca-Cola não apenas atualizou um ícone, mas também mostrou como marcas tradicionais podem se reinventar sem perder sua essência. A grande lição? A tecnologia pode amplificar o impacto emocional, mas o que conecta as pessoas continua sendo a narrativa.